Dicas de Homilía

DICAS DE HOMILIA - Solenidade de Todos os Santos

(Ap 7,2-4.9-14 / Sl 23 / 1Jo 3,1-3 / Mt 5,1-12a)

Os Filhos e Filhas de Deus - Promotores da Paz - Verdadeiros Discípulos Missionários

A Solenidade de todos os Santos, inicialmente, fazia a memória de todos os mártires da Igreja, aqueles e aquelas que deram a sua vida pela causa do Evangelho. Sendo assim, a santidade era reconhecida na vida daqueles e daquelas que venceram as perseguições, doando o seu próprio sangue, sendo fieis ao Evangelho de Cristo. Após o período das grandes perseguições, nasceu um novo modo de santidade, de maneira especial, presente na vida de todos os que viviam e praticavam, de forma radical, os valores do Evangelho.

A Liturgia da Solenidade de todos os Santos, celebra a santidade dos santos em todos os altares, que inspiram e conduzem, por seu testemunho a vida de cada cristão católico. A santidade é apresentada como um caminho para a vida de cada Filho e Filha de Deus, chamados à comunhão de vida com o Senhor e com os irmãos. O mundo marcado por tanta violência e descaso com a vida, necessita de santos e santas, do dia a dia, homens e mulheres que por meio da Fé que professam, tornem-se promotores da Paz e Solidariedade. De modo que, vivendo como Verdadeiros Discípulos Missionários, unidos ao Mestre e sendo formados por Ele, sejam santos, capazes de serem Sal da Terra e Luz do Mundo. 

Na Segunda Leitura encontra-se uma afirmação importante sobre cada cristãos, quando se trata sobre a santidade de vida, isto é: Todos somos Filhos de Deus. Tal afirmação indica que a vocação à santidade é um chamado dirigido a todos aqueles que aderem a Cristo pela fé, algo referente a todos os cristãos. De fato, o autor da carta, quando faz tal afirmação, ele quer chamar à atenção para o fato de que a santidade de Deus, não diz somente à Ele, mas, é uma vocação para todos os seus filhos e filhas. Sendo assim, a santidade celebrada na Solenidade de todos os Santos, não deve ser entendida e vivida somente com um olhar otimista sobre a vida e sobre a história. Mas, deve tocar os corações de modo que se torne um convite que direciona para o desejo de Deus para os seus Filhos e Filhas, isto é, uma vida de comunhão com Ele e com os irmãos e irmãs. Desse modo, a santidade não deve ser compreendida somente como um chamado feito, ou uma tarefa pedida à uns poucos, mas, como algo que diz respeito a todos os batizados. Pois, todos os cristãos, chamados a ser discípulos missionários de Cristo, são vocacionados à santidade de vida, ou seja, chamados a acolherem a sua vocação batismal e a vivê-la intensamente. Desse modo, marcados pela graça Daquele que os chamou à vida de comunhão e santidade cotidiana, são gradativamente transformados em verdadeiros sinais da presença divina no mundo. Por isso, acolher o chamado à santidade como algo que diz respeito a todos e, não somente à uns poucos, é algo urgente e muito necessário. A fim de que, o mundo seja marcado pelos valores do Evangelho, por meio das mãos, dos olhares, dos pés e corações de homens e mulheres, Filhos e Filhas de Deus.  

No Salmo entoado na Solenidade encontra-se uma definição para a santidade cotidiana, que vem como resposta à pergunta de quem seria digno de subir ao monte santo do Senhor? O salmista indica que somente os que têm mãos puras, têm inocente coração e aqueles que não dirigem a sua mente para o crime, estão entre aqueles que se dirigem para a casa de Deus. De fato, os santos do cotidiano são homens e mulheres que se reconhecem como Filhos e Filhas de Deus, promotores da Paz e da Justiça. Tal proposta vem também apresentada no Evangelho, pois entre as muitas Bem Aventuranças, os pacíficos são apresentados como sendo Filhos e Filhas do Deus da Paz.

No coração das Bem Aventuranças, os promotores da Paz são reconhecidos e chamados de Filhos de Deus, ou seja, todos aqueles que fazem de sua vida um sinal concreto do amor e misericórdia divina, principalmente, junto aos que mais sofrem. A promoção da paz, dentro do universo bíblico, constitui um campo muito mais vasto, do que somente a ausência de conflitos ou de guerras. Na verdade, a Paz, proposta pela Sagrada Escritura, abraça o homem em todas as suas dimensões e necessidades. Isto é, indica a plenitude da salvação, a graça, a saúde, a bênção, enfim, todos dons provenientes da bondade divina. Sendo assim, torna-se promotor da Paz todo aquele que se une ao próprio Deus, fazendo de sua vida um sinal claro do amor, misericórdia e bondade divinas. Desse modo, promover a paz significa colocar-se ao lado de Deus, colaborar com Ele em seu plano salvífico. Atualizando o discurso do Mestre e as suas posturas, colocando em prática o amor comprometido e solidário de Cristo. Tal postura identifica os Filhos e Filhas de Deus, pois manifesta a verdade de sua profissão de Fé, seu desejo de fazer a diferença no mundo, de modo especial pela vivência dos valores do Evangelho.  

Os promotores da Paz são também chamados a ser misericordiosos, ou seja, a agirem com misericórdia, tornando-se manifestação da ação de Deus na história do mundo. Todos os que realizam as obras de misericórdia se aproximam do modo de Deus agir, algo que foi plenamente manifestado na vida de Jesus. De fato, o olhar de Jesus sempre esteve pousado e voltado para a direção de todos, principalmente dirigido na direção dos que  estavam em situação de exclusão. Desse modo, todos os cristãos, que desejam viver e professar a Fé, devem seguir os passos do Mestre, tornando-se bons samaritanos, capazes de percorrer o caminho da misericórdia.

Por fim, a santidade de vida diz respeito a um caminho a ser percorrido durante toda a vida, tendo início quando se abraça e compreende o valor do batismo. Na Segunda Leitura encontra-se um relato importante do Livro do Apocalipse, que apresenta uma grande multidão de cento e quarenta e quatro mil. Esses homens e mulheres são todos os que lavaram e alvejaram as suas vestes no Sangue do Cordeiro, trazendo palmas nas mãos e com um canto novo em seus lábios. O principal elemento simbólico deste relato e o centro de toda a narração é a forma como ele vivenciaram e assumiram o seu Batismo. O elemento numérico deve ser compreendido como sendo o resultado da multiplicação das doze tribos de Israel pelo número dos doze apóstolos de Cristo e pelo número mil, que expressa algo incontável. Sendo assim, essa multidão, que não se pode contar, representa todo o povo marcado pela Aliança de Deus, um pacto eterno selado definitivamente pelo sangue de Cristo, derramado na cruz. Esses homens e mulheres lavaram as vestes no sangue do Cordeiro, ou seja, foram mergulhados na vida nova em Cristo, pelas águas do batismo que receberam. Ao longo de toda a sua vida, foram capazes de assumir a vida nova que receberam, pela graça divina, que os possibilitou a viver como novas criaturas. Desse modo, o sinal mais importante do relato quer indicar que todos os batizados são chamados à santidade cotidiana, vocacionados a serem um sinal claro do amor de Deus no mundo. Mesmo diante das grandes perseguições e dificuldades, são convocados a depositarem a sua confiança no Senhor que os chamou à Fe. A fim de que a sua vida espelhe sempre o amor, a bondade e a misericórdia divinas, como verdadeiros promotores da Paz, isto é, Filhos e Filhas de Deus, discípulos missionários de Jesus Cristo.

Que a liturgia da Solenidade de todos os Santos e Santas desperte nos corações a certeza de que todos os batizados são chamados à santidade de vida. Uma vocação que nasce no batismo e que se torna um chamado dirigido a todos, a fim de que se tornem promotores da Paz, misericórdia e bondade divinas. Que o Senhor toque nos corações de todos, de modo que o mundo seja marcado por muitos santos e santas, homens e mulheres que se distingam, pelo fato de trazerem em suas vidas as marcas e os valores do Evangelho. Como verdadeiros discípulos missionários marquem e transformem a história do mundo ainda tão marcado pela violência e exclusão. Que a voz, a presença e a atitude de vida dos cristãos tragam para o mundo os sinais do Reino de Deus, como verdadeiros batizados, chamados à santidade do dia a dia, capaz de mudar os rumos do mundo.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

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