Dicas de Homilía

DICAS DE HOMILIA - 14º Domingo do Tempo Comum

 

(Ez 2,2-5 / Sl 122 / 2Cor 12,7-10 / Mc 6,1-6)

"Basta-te a minha Graça" - Animados pela Força de Cristo - Firmados no Amor

A liturgia desse Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum, na Segunda Leitura apresenta a figura de São Paulo, testemunha fiel do Senhor, apóstolo do Evangelho de Jesus Cristo. O testemunho de Paulo foi sempre acompanhado pela certeza de ser auxiliado pela graça divina, algo que ele ouviu do próprio Senhor: Basta-te a minha graça. Ele em meio às muitas perseguições e dificuldades, sempre se sentiu fortalecido pela presença do Senhor, a ponto de reconhecer que a sua vida era vivida em Cristo. Sendo assim, o apóstolo Paulo firmado no Amor do Salvador, torna-se um testemunho vivo para todos os chamados ao seguimento de Jesus Cristo, como discípulos e discípulas missionários.

Paulo, antes de seu chamado, como todo judeu, ele dependia da Torá, e a sua vida era baseada no cumprimento da lei. A radicalidade do seu chamado o fez abandonar completamente a sua dependência da lei. O apóstolo reconhece ser incapaz de cumpri-la, como também tem a certeza de que por meio dela ninguém pode ser justificado. Sua posição em relação à lei perde sentido em vista da cruz de Cristo, que passa a ser para ele o seu único motivo de glória. O apóstolo está convencido de que a graça de Deus que age por meio dele é fruto da gratuidade divina. Por isso todos os frutos de sua missão como apóstolo não são outra coisa senão a ação da graça agindo por meio dele. Paulo se gloria na visão da ação salvífica de Deus, que por amor se manifesta aos homens. Esta é a força na qual Paulo se apoia, ao reconhecer a sua própria fraqueza, ele vê nela a manifestação da força de Cristo. Ele que foi alvo de tão grandes manifestações do poder de Deus se recusa a colocar nestas a sua confiança; ao contrário, Paulo afirma que na sua fraqueza humana é que ele prova a excelência do poder de Deus. A cruz de Cristo é o grande sinal da força de Deus, manifestação de um amor infinito que rompe com toda a lógica do mundo. Na cruz, o apóstolo põe toda a sua esperança e toda a sua vida, abandonando tudo o que anteriormente tinha sido para ele motivo de glória. O próprio Paulo faz de sua união com Cristo crucificado um caminho de vida e uma profissão de fé, de modo que ele vive sustentado pela graça divina. Sendo assim, a confiança de Paulo no poder de Deus que nele agiu o fez para toda a Igreja um grande sinal e um exemplo a ser seguido, tornando-se um modelo de vivência da Fé e da missão.

Em toda a sua vida e ministério, o apóstolo Paulo sofre enormemente com as perseguições e dificuldades, de fato, por vezes viu-se colocado em situações que poderiam atentar contra à sua própria vida. Todavia, apesar de tantas dificuldades e empecilhos, ele jamais duvidou do seu chamado e também nunca se sentiu desamparado. A sua força era o amor de Cristo, o vigor do seu ministério vinha da sua íntima união com o Senhor, a ponto de poder dizer: já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim". De fato, na fragilidade de seu corpo ele reconhece a ação da graça de Deus e o seu poder. A confiança do apóstolo está depositada em Cristo que o chamou na estrada de Damasco e o enviou a pregar o evangelho aos gentios. Por meio de sua adesão plena a Cristo, já que ele mesmo encontra em Cristo a vida nova e reconhece que nele todas as divisões são dissolvidas. Sendo assim, ele faz de suas muitas dificuldades e perseguições, ocasiões de manifestar o verdadeiro testemunho de sua vida em Cristo, a expressão do seu empenho em viver segundo a graça que ele recebeu. Ao mesmo tempo que tornam visíveis os passos dados por ele na direção de Cristo crucificado, as marcas dos sofrimentos no corpo do apóstolo são um testemunho silencioso de uma íntima união, um convite aos irmãos para um aprofundamento da sua fé. Por isso, ao afirmar que vive por meio da força de Cristo, Paulo indica que os sofrimentos, mesmo as marcas das dores deixadas em seu corpo, expressam indiscutivelmente a sua adesão a Cristo, à sua nova vida e seu compromisso de união eterna com o Salvador.

O apóstolo Paulo, diante do amor de Cristo manifestado na cruz, aponta a fonte de todo o seu ministério apostólico, ao ressaltar que é por esse amor que ele vive e é também a força motriz de todo o seu agir ministerial. A experiência de Paulo com Cristo na estrada de Damasco e o seu amor infuso no coração e na vida do apóstolo constituem um importante momento de sua vida, que serve de consolação e sustento diante das muitas adversidades em seu ministério. A intensidade da experiência paulina e as suas consequências na vida do apóstolo oferecem elementos para que se possa intuir como ele percebeu em sua vida a força do amor de Cristo que o possuiu inteiramente. A radicalidade com que o apóstolo viveu a sua relação com Cristo, indicando a maneira como ele foi totalmente possuído por este amor, essa íntima união fundamentada no evento da morte de Cristo na cruz, algo que o apóstolo experimenta em primeira pessoa e se torna fonte de todo o seu agir. A realidade da cruz de Cristo não foi ambígua e irreal, mas verdadeira e capaz de transformar toda a sua vida e se tornar um pilar indispensável em sua pregação. Desse modo, a experiência de Paulo quanto ao evento Cristo e do seu amor nele manifestado muda radicalmente toda a sua vida, fazendo com que ele se deixe conduzir por este amor. Esta gratuidade de Cristo ressoa na vida de Paulo, dando-lhe uma autêntica liberdade e conduzindo-o no caminho do serviço e da missão. O apóstolo entende-se como propriedade de Deus, objeto do amor divino, fazendo com que a sua vida não pertença mais a ele, mas esteja a serviço do evangelho para o bem dos irmãos. Sendo assim, o fato real de ter sido amado e resgatado, coloca o amor de Cristo no centro da vida do apóstolo, fazendo com que todas as suas escolhas e as suas atitudes passem pelo crivo deste amor. Tal experiência de Paulo ilumina a vida e o caminho de seguimento dos discípulos hoje, na direção de sentirem-se firmados e acompanhados pelo Amor de Cristo. De fato, para Paulo, o sinal de amor da cruz é capaz de convencê-lo a não mais viver para si mas, para Cristo que o amou, tornando-se um servidor do evangelho e dos irmãos pelo amor mútuo. Esta total identificação a Cristo faz com que Paulo possa dizer: «para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro» (Fl 1,21). No gesto gratuito da cruz, o apóstolo encontra a chave de uma vivência direcionada ao amor mútuo, um amor criativo que tem sua raiz no gesto de entrega de Cristo, em sua morte na cruz. Ao vivenciar este amor em seu ministério apostólico, Paulo o comunica a muitas comunidades de fé por ele fundadas, indicando-o como o maior fruto do Espírito de Deus a ser aspirado pelos fiéis, sinal da nova criação em Cristo.

Que a Liturgia desse Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum que apresenta o luminoso testemunho do apóstolo Paulo possa tocar, de maneira especial, o coração de cada cristão. De modo que, ao ouvir o testemunho do apóstolo de ser acompanhado sempre pela graça de Deus, deposite no Senhor a sua total confiança. A fim de que sustentado pelo amor de Cristo siga firme o seu caminho de vivência do Evangelho e o seu testemunho. Sendo de fato, Sal da terra e Luz do mundo, com o sabor do amor de Cristo e com a sua Luz vigorosa.

Pe.  Andherson Franklin Lustoza de Souza

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