Dicas de Homilía

DICAS DE HOMILIA - Solenidade de São Pedro e São Paulo

 

(At 12,1-11 / Sl 33 / 2Tm 4,6-8.17-18 / Mt 16,13-19)

"Tu és Cristo, o Filho do Deus Vivo" - "Completei a corrida, guardei a Fé" -  Testemunhas Fiéis 

 

A liturgia da Solenidade de São Pedro e São Paulo traz o testemunho dessas duas colunas da Igreja, vigorosos discípulos missionários, fiéis no testemunho e na missão de anunciar o Evangelho. Pedro foi um apóstolo fiel do Senhor que testemunhou a sua fé com coragem, reconheceu o Senhor e confirmou a Fé dos irmãos até à doação da própria vida. Paulo, por sua vez, encontrou-se com o Senhor na estrada de Damasco e se tornou o grande anunciador do Evangelho, guardando fielmente a Fé até à entrega da própria vida. A Igreja celebra a Solenidade dos apóstolos, no desejo de confirmar a Fé e o Testemunho de toda a Igreja.

O apóstolo Pedro seguindo o apelo do Senhor, junto às margens do mar da Galiléia, senti-se tocado e chamado pelo convite de se tornar pescador de homens, lançando as redes do Evangelho. A cena que foi proclamada no texto de Mateus apresenta uma cena crucial para a comunidade dos discípulos e, muito significativa na vida de Pedro. Pois, Jesus conduz os seus discípulos para a região de Cesaréia de Filipe, tal região é um lugar cheio de significado e que se torna um marco no caminho de seguimento dos discípulos. Uma região pagã que ansiava pelo anuncio do Evangelho, como confirma o próprio evangelista Mateus no capítulo 16 (cf. Mt 16,28). Nessa região da Galileia encontram-se também as fontes do rio Jordão, algo que evoca a força do batismo, que faz de todos os que professam a Fé, verdadeiros discípulos missionários.

A cena do Evangelho retrata um momento de grande intimidade de Jesus com aqueles que chamou para junto de si, pois ao distanciar-se do trabalho missionário e da multidão, o Senhor se recolhe com os seus discípulos. Desse modo, ao propor um diálogo à respeito de quem Ele era, pôde oferecer a eles uma oportunidade de aprofundar a sua Fé e dar um passo de maturidade no seu seguimento. Logo de inicio, a interrogação é bem geral, tocando o que se dizia à respeito dele: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?". O que eles respondem diz respeito à compreensão, aos anseios e esperanças do povo de Israel que aguardava ansiosamente o Messias. Percebe-se uma parcialidade no entendimento de quem era Jesus, uma indicação de que a multidão não era capaz de saber, verdadeiramente quem Ele era. O diálogo se aprofunda, e Jesus dirige uma pergunta direta aos seus discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?". A questão toca de forma clara o entendimento dos discípulos à respeito do caminho percorrido, desde o chamado que receberam até aquele momento. Em nome dos demais, Pedro, ao responder ao Senhor, professa a sua Fé, algo que indicava a profissão de toda a comunidade: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo". Na resposta de Pedro está presente a profissão de Fé de toda a comunidade, pois, ao mesmo tempo que a confirma no seguimento, as palavras do apóstolo animam os irmãos no caminho.

Diante da resposta de Pedro, o Senhor indica a Fé do apóstolo como o fundamento sólido, sobre o qual a Igreja seria edificada. Nesse momento, na fragilidade daquele homem, pescador de Nazaré, a Igreja ganhava força e solidez. Não pelos méritos do apóstolo, que logo após será repreendido por Jesus, mas, pela força da graça de Deus que nele agia. Sendo assim, ao ser confirmado como fundamento da Igreja, pela força do Ressuscitado, Pedro recebe a autoridade e missão de confirmar aos irmãos na fé, que ele mesmo professou. Desse modo, diante dos discípulos, o apóstolo Pedro é apresentado como um exemplo de Fé e seguimento, alguém que, apesar de suas muitas fraquezas, preferiu confiar no Senhor. Tudo isso, foi crucial para que Pedro quando fraquejou e negou o Senhor, não perdesse de vista o chamado e a missão que recebera, voltando para Aquele que o esperava, para de novo, ser confirmado na Fé e no amor.

O apóstolo Paulo faz uma experiência profunda de encontro com Cristo na estrada de Damasco, algo que é fundamental para se entender o seu modo de vida e a força e coragem de seu testemunho no anúncio do Evangelho. Sendo assim, a experiência pessoal de Paulo com Cristo foi um momento único na sua vida, transformando-o completamente, marcando e direcionando a sua vida inteira na direção de Cristo. Ao reconhecer Jesus na estrada de Damasco, toda a sua vida foi condicionada pela graça dessa experiência. De modo que, por vezes, em muitas de suas cartas, ele menciona a ruptura radical que essa experiência causou em sua história, direcionando-a a uma dinâmica completamente nova de vida. De fato, o apóstolo inicia um processo que o levou a um rompimento total com tudo o que lhe garantia segurança anteriormente.

Ele se abandona inteiramente nas mãos do Senhor, iniciando um caminho que somente será completo na entrega total de sua vida. Por isso, é possível dizer que a experiência que Paulo faz de Cristo o define, uma imersão total no amor de Cristo que provoca repercussões em toda a sua vida. A Segunda Leitura, apesar de ser uma carta escrita por um discípulo de Paulo, ainda assim, reflete muito os anseios e a vida que ele viveu. O autor, em nome de Paulo, ao afirmar que: "Completei a corrida, guardei a Fé", apresenta o coração do apóstolo marcado pelo compromisso e missão de uma vida inteira. De fato, a vida de Paulo toma um rumo completamente diverso quando ele, em primeira pessoa, encontra-se com a força do amor manifestado na iniciativa divina de reconciliar consigo em Cristo toda a humanidade pecadora. Ele sente-se invadido pela força da graça de Deus que o impulsiona e fortalece, garantindo, assim, toda a coragem para enfrentar as muitas dificuldades do caminho. Sendo assim, ao reconhecer o percurso feito, a estrada percorrida e o tesouro da Fé preservado, ele somente tem a agradecer ao autor de todo esse caminho. Tal afirmação é o resultado de uma longa estrada, vivida e percorrida segundo os passos firmes do apóstolo, mas, sobretudo, da graça de Deus, como companheira inseparável. Desse modo, a exemplo de Pedro, também Paulo reconhece a força da graça de Deus em sua vida, garantido a ele o vigor e a fidelidade no cumprimento da missão. Sua vida, marcada pela graça foi um sinal para todos os que, pelo seu testemunho são chamados ao caminho do discipulado missionário. De modo que, ao ouvirem as palavras do apóstolo Paulo, sentem-se confirmados e confortados no caminho proposto pelo Senhor. Desse modo, os fiéis encontram no exemplo de Paulo um impulso no desafio de manter firme o propósito cotidiano, de não perder a estrada e levar no coração a Fé e o amor, como sinais da presença do Senhor no mundo.  

Ao proclamar a Palavra, que traz o testemunho fiel dos apóstolos, a Igreja celebra a força e a fidelidade de seu testemunho na esperança de suscitar novos discípulos missionários. De fato, a estrada que percorreram os apóstolos Pedro e Paulo foi trilhada na confiança e na disponibilidade total ao Senhor, no compromisso pessoal e na confiança na graça divina. Ambos, apesar de suas fraquezas e infidelidades, souberam colocar no Senhor a sua confiança e, por isso, não foram decepcionados em sua Fé. Ao contrário, provaram o poder, a força e sustento que o Senhor confere aos que Nele depositam a sua confiança e com Ele caminham.  Que o testemunho fiel dos apóstolos suscite em todas as Comunidades Eclesiais de Base homens e mulheres desejosos de fazerem de suas vidas um sinal claro do Reino. Como verdadeiros discípulos e discípulas missionários, sejam capazes de, à exemplo de Pedro e de Paulo, seguirem Cristo na fidelidade, no testemunho e na doação da vida.

Que a liturgia da Solenidade de Pedro e Paulo ilumine os corações com a profissão de Fé dessas colunas da Igreja, suscitando, ainda hoje muitos discípulos e discípulas do Senhor. De modo que unidos a Cristo todos se sintam acompanhados pela graça divina, fortalecidos e enviados como Sal da terra e Luz do mundo.

 

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

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