Artigo

Pe. Cristian Vieira

Música, espaço de diálogo com Deus.

Por Pe. Cristian Vieira

 


Quem nunca se deparou rezando ao ouvir uma música religiosa e quando percebeu as lágrimas já corriam sobre o rosto com um semblante alegre ou de tristeza? A música nos eleva, tem o poder de nos levar para o mais profundo de nosso ser a tal ponto de cantar com o coração, de cantar com a alma. Cantar com o coração significa que estamos imbuídos de boa vontade e amor que são algumas maneiras de nos apresentar a Deus.

Muitas vezes a música está intimamente relacionada com a liturgia e com a pregação e esta é como um complemento que harmonizada entre sim, revela e expressa o meu coração a Deus, aquelas palavras que simbolizam o meu sentimento, a minha entrega a Deus. Não basta simplesmente cantar, mas sim cantar rezando e deixar o próprio Cristo falar no íntimo do meu coração gerando e transformando-nos em novas criaturas. Devemos rezar com o espírito, com o coração, com a razão apresentando-nos inteiramente ao Senhor que ouve o labor de nossos lábios e de nosso coração. A beleza, o amor só serão completos quando vivenciamos a grandeza do saber amar e a música nos ajuda a descobrir que detrás das palavras há uma complexidade de sons que harmonizados entre si revelam a poesia de palavras simples, talvez insignificantes, mas que caracterizam a grande emoção do encontro com Deus. Mas a palavra cantada deve ser também o nosso testemunho de comunicar que Deus se revela nas coisas simples, na hora incerta, mas no momento apropriado. Nas Confissões de Santo Agostinho relata: “quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em Vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elo de piedade me elevava e as lágrimas corriam-me pela face, mas, me faziam bem”. Não tenho dúvidas de dizer que a música expressa e dilata um profundo diálogo com Deus ao qual cada um de nós somos também convidados a experimentar e dizer como o próprio Santo Agostinho: “quem canta reza duas vezes”.

A voz muda quando reza, tornando-se uma voz orante, sedenta de Deus e ao sentir a emoção de um encontro com o Senhor, somos convidados pela voz do Espírito, cada vez mais a cantar com amor, a cantar o canto novo, a cantar o nosso louvor, a nossa própria vida. Façamos a experiência de fazer do nosso canto um diálogo com Deus, “entoemos salmos, hinos e cânticos espirituais; cantai e salmodiai ao Senhor de todo o coração” (Efésios 5, 19), não paremos de cantar, pois se cantando busco e encontro a Deus, Ele nos leva a cantar para tantos outros que pelo som de nossa voz se encontrará também sob os cuidados de Cristo Bom Pastor.

“Cantem a vossa glória, Senhor, os nossos lábios, cantem nossos corações e nossa vida; e já que é vosso dom tudo o que somos, para vós se oriente o nosso viver”.

(LH, III vol., Or. da Manhã, sáb. 2ª sem., p. 884)