Artigo

Seminarista João Victor da Silva

JUBILEU 2025

Por Seminarista João Victor da Silva

 

“Santificareis o quinquagésimo ano e publicareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu” (Levítico 25, 10).

Para o ano litúrgico de 2024, ano B, o Papa Francisco exorta a Igreja Católica a perseverar com maior intensidade na oração em preparação para o ano do Jubileu de 2025, “Um dom especial de graça da Misericórdia de Deus”. Nesse sentido, o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, também chamado de “Ano Santo”, aspira a comemorar a misericórdia de Deus Pai pelo seu povo, concedendo-lhe o perdão de seus pecados pelo sacramento da reconciliação.

Na carta do Papa Francisco ao Arcebispo Rino Fisichella, pelo Jubileu 2025, o pontífice relata que: “O Jubileu representou, sempre na vida da Igreja, um acontecimento de grande relevância espiritual, eclesial e social. Desde que Bonifácio VIII, em 1300, instituiu o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, a cinquentenária e por fim fixada de vinte e cinco em vinte e cinco anos” (FRANCISCO,2022, p. 1).

Bonifácio VIII, com a publicação da bula papal “Antiquorum fida relatio”, em 22 de fevereiro de 1300, decretou o ano de jubileu, no qual qualquer cristão poderia obter remissão de todos os pecados, se fizesse sua confissão e fizesse uma peregrinação a Roma. Com isso, milhões de fiéis católicos peregrinam para Roma, a fim de venerar os tesouros espirituais da Igreja, as relíquias dos Apóstolos Pedro e Paulo. Desse modo, desde 1300, os Jubileus são momentos solenes da providência Divina de Deus, que age com benevolência, perdoando os pecados de seus filhos, concedendo-lhes indulgências, que são a expressão plena da Divina Misericórdia, um dom excepcional da graça de Deus.

Desse modo, o Santo Padre tenciona ressaltar três dimensões importantes sobre a vivência da cristandade em um ano Jubilar: Espiritual, Eclesial e Social.

A primeira, exige espiritualidade assídua na oração, com capacidade de escutar o Espírito Santo, como fez Maria, irmã de Marta, que, aos pés de Jesus, ouviu suas palavras (Lucas 10,39). Como Cristãos, devemos suspender nossas atividades corriqueiras para realizar aquilo que Francisco denomina como “Apostolado do ouvido”, que é a pastoral da escuta. Em outras palavras, é escutar com o ouvido do coração, pois “estamos a perder a capacidade de ouvir a pessoa que temos à nossa frente, tanto na teia normal das relações quotidianas como nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil”, declara o Papa.

 Os Padres Sinodais, em suas cartas aos jovens, sentiram o apelo de Deus, pelo dom da escuta da voz de Jesus e, consequentemente, reconheceram em Cristo as vozes dos jovens. Nesse sentido eclesial, a Igreja propõe e acompanha seus fiéis no processo sinodal, caminhar juntos, em comunhão e participação com o Povo de Deus, reconhecendo o proceder de Deus por meio de seu povo, pois “não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem e mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3, 28).

Por conseguinte, a dimensão social quer convidar os fiéis à recomposição da esperança e da confiança, porque Jubileu é momento santificado pelo Senhor Deus, que apregoou a liberdade de terra ao seu povo, Israel, e concedeu-lhe a graça de comer do produto de sua própria terra e comemorar, em família, o quinquagésimo ano, o jubileu (Levítico 25, 10-13). Portanto, como família de cristãos, devemos, juntamente com os irmãos, festejar a alegria do amor misericordioso do Pai. Desse modo, constituir verdadeira unidade, com coerência e irmandade cristã.

O Pontífice intitulou o ano de 2024 como o ano da grande “sinfonia” de oração, em preparação ao evento jubilar em 2025, convocando a Igreja a ser assídua na oração. A oração é um ato dialético que interliga Deus à humanidade, de maneira pessoal e/ou coletiva. Em preparação para receber tal graça inesgotável que o próprio Deus quer moldar o coração de cada cristão, para acolher a benignidade da Divina Misericórdia de Jesus Cristo Nosso Senhor. Inspirados pelo Espírito Santo, os primeiros cristãos “se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2,42). De tal modo, em comunhão com todos os católicos, intensifiquemos nossas orações, na expectativa do Ano Santo da Misericórdia de Deus Pai, para que o Jubileu de 2025 seja um verdadeiro encontro com o Pai da Misericórdia.  

João Victor da Silva

Seminarista propedêutico