Artigo

Seminarista Sávio Almeida Santos

Da beleza do agir cristão na sociedade

Por Seminarista Sávio Almeida Santos

 

“Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34).

 As páginas do evangelho trazem episódios da vida de um homem cujas ações todas se davam por amor. O agir de Cristo é sempre viva e constantemente presente na meditação cristã. Como crianças simples e humildes, que observam o agir de seu pai em busca de saber como orientar seu comportamento para o bem, os cristãos observam a vida de Cristo para imitá-lo e cumprir o seu mandamento de amor.

O Senhor, com todas as suas ações, deu aos homens exemplo de perfeição humana. Pelo sermão da montanha, ensina a pobreza espiritual, a mansidão, a misericórdia, a pureza de coração, a pacificidade, o amor ao reino (Mt 5). Diante da fome da multidão diz: “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 10, 16). São inúmeros os eventos nos quais Ele ensina, de modo simples, mas repleto da beleza e esplendor, que brota da simplicidade e do amor verdadeiro e caridoso, a prática da virtude, a virtude cristã.

Viver na observância dos conselhos evangélicos, aderindo à vida virtuosa com total e consciente abertura a supernal graça do eterno e divino Salvador gera tal reforma e transformação na vida do homem que suas obras, a partir de então, produzem não outro efeito na vida comunitária social senão o de reformá-la e transformá-la também para o bem comum.

Assim se dá, pelo agir cristão, o reino de Deus no mundo. Cristão é quem imprime, em suas obras, a experiência interna e silenciosa do céu. Cristo, ao ressurgir em esplendor e majestade, dá a contemplar aqueles aos quais se apresentou após sua triunfante ressurreição, já algo da visão beatífica futura. O cristão, homem velho descido ao túmulo com Cristo e ressuscitado com Ele, a seus irmãos, dá também algo a contemplar do reino do qual é fruto, do qual é servo, do qual é anunciador, testemunha viva e ativa e que tem o dever de expandir esse reino que é de Cristo, que é de todos.

“Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro para alumiar os que entram” (Lc 11, 33). O cristão virtuoso constitui, para seus irmãos e para toda sociedade, uma luz. Se inseridos, homens e mulheres, na vida política, eles, observando os preceitos divinos, trabalham pelo bem de seus irmãos, compreendem e vivem em justiça e verdade sua vocação profissional expressando por seu agir o amor intrínseco à Lei divina. Em sua vida oculta e familiar é o homem, o pai, a coluna do seu lar, protetor suave e varonil dos seus e vive com amor e dom total de si sua vocação. E também a mulher cristã, no meio social ou em sua vida familiar, seja por seus trabalhos e lutas fora ou dentro de seu lar, expressa a suavidade e a bondade do Senhor pela alegre vivência de sua vocação maternal, o cuidado de seu esposo e de seus filhos. Em tudo o homem e a mulher, assíduos na virtude cristã, pela transformação pessoal obtida pela graça e pelo amor ao Senhor e a Seu ensinamento, agem de maneira a transformar a sociedade em vista do bem comum.

O tempo presente apresenta novos elementos inseridos na vida humana: as tecnologias, as modas esquecidas da dignidade integral da pessoa, inclusive o respeito ao corpo, a política esquecida do bem comum, avanços econômicos numerosos, novos modelos de família e de formação humana. Tudo isso exige do cristão o exercício de sua delicadeza de consciência, que é a retidão no julgar se uma ação é honesta ou não, de acordo com seus valores. O cristão deve dizer não a tudo o que ameasse a saudável vivência dos valores perenes do Santo Evangelho enraizados em sua alma pela graça divina. O agir cristão perante a sociedade continua a ser pautado no amor do Senhor, que gera a compreensão de que muitos vivem de forma diferente dos preceitos divinos, porém ele se mantém firme em sua fé.

Não há outra maneira de se nomear como deve ser o agir cristão senão esta: agir de forma a expressar o amor do Senhor. Que o homem nada faça sem antes pensar qual seria a atitude do Senhor naquela circunstância. Cumpramos o mandamento do Senhor e nos amemos, mas, sobretudo, aprendamos o real significado da palavra amor. Amar não significa calcular e ensaiar ações politicamente corretas, mas desejar sinceramente o real e verdadeiro bem de nossos irmãos. Essa é a pauta do agir cristão.

 

Savio Almeida Santos, Seminarista Propedeuta