Artigo

Seminarista Danilo Andrade

Maria, Mãe das Graças

Por Seminarista Danilo Andrade

 

Maria, Mãe das Graças

Entrando onde estava, disse-lhe: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28).

Neste mês de novembro, a Igreja celebra, no dia 27, a memória de Nossa Senhora das Graças. Em uma de suas aparições, ocorrida na capela das irmãs de caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, no ano de 1830, quando apareceu pela segunda vez à noviça Catarina Labouré, da Congregação de São Vicente de Paulo, Maria impelia oração e se revelou a Labouré como Nossa Senhora das Graças. Desde então, ela vem derramando graças sobre os que recorrem à sua intercessão, por meio do uso da medalha milagrosa.

Muito além do tempo de Catarina de Labouré, a história de Nossa Senhora das Graças se inicia, nos desígnios do Pai, quando Ele planejou a encarnação de seu Filho no seio da humanidade. O Pai pensou em Maria porque seu Filho teria que ter uma mãe humana, que deveria ser “cheia de graça”. Encontra-se esse fato de fé na saudação feita pelo Anjo Gabriel, quando apareceu à Maria para anunciar que ela seria a Mãe de Jesus, afirmando ser ela “cheia de graça” (Lucas 1,28).

Maria é apresentada desde o início como portadora das graças, pois viveu “sob a moção da graça de Deus” (CIC §490), o que mais à frente é reconhecido pela Igreja: que Maria foi redimida desde a concepção em vista dos méritos de Cristo, conforme o dogma proclamado pelo Papa Pio IX, em 1854. Entretanto, o título de “Nossa Senhora das Graças” surgiu em um tempo da história e em um local determinado: Rua Du Bac, 140, em Paris, França.

Essa devoção mariana se espalhou não somente pela França, onde ocorreu a aparição e onde se encontra o santuário da virgem da medalha milagrosa, mas, desde seu pedido a Catarina Labouré, “Fazei cunhar uma medalha sob este modelo. As pessoas que a usarem, com confiança, receberão muitas graças”, a devoção à Nossa Senhora cresce em todo o mundo e derrama muitas bênçãos em seus devotos. A medalha, que foi cunhada e depois replicada em diversas unidades até os dias de hoje, é formada pela seguinte composição, como narra Catarina sobre a aparição:

...uma Senhora de mediana estatura, de rosto muito belo e formoso... Estava de pé, com um vestido de seda, cor de branco-aurora. Cobria-lhe a cabeça um véu azul, que descia até os pés... As mãos estenderam-se para a terra, enchendo-se de anéis cobertos de pedras preciosas. A Santíssima Virgem disse-me: ‘Eis o símbolo das Graças que derramo sobre todas as pessoas que me pedem ...’ Formou-se, então, em volta de Nossa Senhora, um quadro oval, em que se liam, em letras de ouro, estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós’. Depois disso o quadro que eu via virou-se, e eu vi no seu reverso: a letra M, tendo uma cruz na parte de cima, com um traço na base. Por baixo: o Sagrado Coração de Jesus e o Sagrado Coração de Maria. O de Jesus, cercado por uma coroa de espinhos em chamas, e o de Maria também em chamas e atravessado por uma espada, cercado de doze estrelas. Ao mesmo tempo, ouvi distintamente a voz da Senhora, a dizer-me: ‘Manda, manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a trouxerem, com devoção, hão de receber muitas graças”. 

De 1830 até os dias atuais (século XXI), inúmeras graças foram alcançadas por intermédio da bem-aventurada Virgem Maria, muitos pedidos colocados nas mãos da Mãe, humildemente por seus devotos, rogando por sua intercessão para alcançar milagres em suas vidas.

Mesmo sendo uma aparição realizada na França, a devoção não se restringiu ao solo Europeu. Como Maria revelou, as graças seriam abundantes aos que usassem a medalha com devoção. Assim aconteceu: sua fama se espalhou pelo mundo inteiro e, portanto, sua devoção se encontra em várias partes do mundo. Aqui no Brasil não seria diferente, com capelas, paróquias, catedrais e santuários demonstrando que a propagação das graças de fato está em constante movimento.

Na diocese de Cachoeiro de Itapemirim essa devoção também é marcante. São 36 comunidades e 1 paróquia tendo Nossa Senhora das Graças como padroeira. Além das igrejas domésticas, as famílias se consagram e pedem proteção da Mãe das Graças. Devoções piedosas de pessoas que carregam as medalhas milagrosas em suas vidas como presença material para lembrar da presença maternal de Maria.

A medalha, confiada a Catarina para ser reproduzida, é hoje utilizada pelos inúmeros devotos da Virgem das Graças, que a carregam não como amuleto da sorte, mas como um objeto  sacramental que conduz à experiência do amor de Deus pelo intermédio da bem-aventurada Virgem Maria, pois, assim como em Caná da Galileia, Maria quer que tenhamos o protagonismo na busca pelo Senhor, por isso nos alerta: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5) e intercede ao Filho por nós.

Celebremos Jesus Cristo, o Filho da bem-aventurada Virgem das Graças, Mãe de toda a humanidade, para que, seguindo seu exemplo, possamos nos colocar nas mãos do Senhor, assim como ela fez: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,37-38).

Encerro este breve artigo com o hino composto pelo padre Juliano Ribeiro Almeida que, à época, teve como objetivo transmitir à paróquia, por meio da música, uma catequese sobre a Virgem da Medalha Milagrosa:

 

● HINO À NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

Ó Maria concebida sem pecado

Roga por nós que recorremos a ti

Vem, derrama sobre nós as graças

Que confiantes vimos te pedir.

 

Virgem Mãe de Jesus Cristo, Mãe da Igreja

Intervém com tuas preces por nós

Abençoa teus fiéis devotos

Que hoje elevam para ti sua voz.

 

Nossa Senhora das Graças

Vimos pra te saudar!

Dá-nos teu Filho Jesus Cristo

Graça maior não há!

 

A medalha que mostraste a Catarina

Tu pediste que a mandassem cunhar

Prometeste numerosas bênçãos

A quem com piedade a ostentar.

 

Eis que pisas a cabeça da serpente,

Nova Eva prometida por Deus

Se desprendem de tuas mãos uns raios

São as graças pr’os devotos teus.

 

Nossa Senhora das Graças

Vimos pra te saudar!

Dá-nos teu Filho Jesus Cristo

Graça maior não há!

 

 

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!