Artigo

Seminarista Anthonny Juan

A FÉ COMO FUNDAMENTO DE NOSSA ESPERANÇA

Por Seminarista Anthonny Juan

 

“A fé é fundamento daquilo que ainda se espera e prova de realidades que não se veem.” Hb 11, 1

O décimo primeiro capítulo da carta aos Hebreus (v.1) nos exorta de maneira simples sobre a vivência da fé como substância de nossa vida e fundamentação de nossa esperança, que é Jesus Cristo. A fé é para nós a prova daquilo que ainda nós não conseguimos ver, nos adiantando assim a vida futura na concretude do tempo presente, transmitindo aos nossos corações a certeza da vida eterna. Podemos dizer que essa certeza é o que nos move para uma mudança da realidade em que vivemos, nos interpelando a um compromisso com a causa do Reino de Deus que nos confere a graça de sermos semeadores de esperança em um mundo marcado por desigualdades, incertezas e ilusões

A certeza da vida futura, que nos é dada pela fé, confere a cada um de nós uma nova oportunidade de vida, de confiarmos plenamente em Jesus Cristo, que deve ser a única razão de nossa esperança (cf. 1 Pd 3,15). Deste modo, façamos nosso exame de consciência e reflitamos, onde tenho depositado a minha fé e em quem tenho fundamentado a minha esperança?

Santo Agostinho nos ajuda a encontrarmos uma luz para clarear o nosso caminho em sua carta sobre a oração, dirigida a Proba, na qual ele escreve: “(...) no fundo, queremos uma só coisa, a vida bem-aventurada, a vida que é simplesmente vida, pura felicidade. No fim das contas, nada mais pedimos na oração”. Todavia, Santo Agostinho continua a nos falar sobre o que às vezes nos impede de alcançarmos esse mais profundo anseio de bem-aventurança: “se considerarmos melhor, no fundo, não sabemos o que desejamos o que propriamente queremos”. Com efeito, muitas vezes nos vemos perdidos em meio aos nossos desejos e paixões desordenadas, o que nos faz afastar da graça de Deus e nos apegar as coisas que passam, no intuito de satisfazer nossas vontades. Assim sendo, corremos o risco de depositar a nossa fé em bens materiais e a fundamentar nossa esperança naquilo que é passageiro e mutável. Por isso, devemos estar sempre vigilantes e atentos aos sinais de Deus no caminhar de nossa vida, para percebermos quando estamos trilhando outros caminhos que não levam a vida verdadeira contida na fé em Jesus Cristo.

Se desejarmos obter uma vida verdadeira, que vive a esperança da ressureição, é necessário que nos afastemos do caminho que nos leva a cegueira e ao apego das coisas que passam, por isso, é essencial o encontro pessoal com Jesus Cristo, seja em nossas orações cotidianas, na Leitura Orante da Palavra e principalmente na pessoa do irmão, de forma especial nos pobres e abandonados pelo sistema que oprime e descarta a dignidade humana. Contudo, se esse encontro for verdadeiro, certamente irá me interpelar para a renúncia diária das minhas paixões desordenadas, ocasionando o fortalecimento da fé e o depósito da minha esperança no que é imutável e verdadeiro, se assim for o apego pelos bens materiais, a sede do poder e o desejo de ser o maior se esvairá e dará lugar a uma vida nova, aonde todos terão vez e lugar, uma vida sem exclusões e desigualdades.

Alicercemos a nossa fé em Jesus Cristo, e nele coloquemos a nossa esperança. Deste modo, teremos a firme certeza de que nunca seremos desamparados e abandonados, pois como diz São Paulo na carta aos Romanos (v. 5) “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Façamos da fé um compromisso com a causa do Reino de Deus e sejamos verdadeiros discípulos (as) missionários (as) semeadores da esperança em Cristo Jesus. Que a fé preencha o nosso olhar e nos faça sempre contemplar um horizonte repleto pela esperança, contribuindo para uma vivência de uma comunidade mais humana e fraterna.