Artigo

Seminarista Marcos José Serafim Azevedo

DE ESPERANÇA EM ESPERANÇA

Por Seminarista Marcos José Serafim Azevedo

 

“Que o Deus da esperança vos cumule de toda a alegria e paz em vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a vossa esperança transborde.”[1]

Com o tempo do advento iniciamos um novo ano litúrgico. A vida se renova e encontramos forças para seguir em nossa caminhada de cristãos, rumo ao Reino em plenitude. Não devemos olhar como um ano em que se vive tudo novamente, ouvindo as mesmas leituras, comemorando as mesmas festas, como uma repetição. Pelo contrário, é tempo de avançar, com passos firmes, em nosso processo de discipulado missionário. Isso é possível quando ouvimos o Senhor que nos fala em sua Palavra viva, proclamada em cada Celebração, e aprendendo com seus gestos, palavras e ações.

De maneira particular, o tempo do advento nos convida à espera do Senhor que “revestido da nossa fragilidade, veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos[2]”.

Viver o advento nos recorda a presença de Deus que caminha junto ao seu povo. Desde o Egito, libertando o povo de Israel e conduzindo-o pelo deserto rumo a terra prometida. Acompanha-o em suas dificuldades durante o tempo de exílio e não se cansa de fazer-se próximo, mesmo quando este mesmo povo desvia em sua conduta. Assume nossa humanidade por meio de Jesus Cristo e, mais uma vez, faz-se presente, nos ensinando e conduzindo. E ainda hoje, pelo Espírito Santo, continua a acompanhar a toda a Igreja e, portanto, a cada um de nós, pelos caminhos da vida.

Deus continua a nos sustentar, em nossa trajetória, diante dos desafios que enfrentamos. O Senhor está conosco, basta que abramos o coração. Assim, nos enchemos de esperança e nos fortalecemos para vencer cada desafio que possa surgir, certos de que, como anunciava o profeta Isaias é “Deus que me salva; posso viver confiante e sem medo, porque o senhor é a razão da minha força e do meu canto, ele se fez meu salvador”.[3]

A esperança que nos sustenta não nos faz ficar parados, não permite que caiamos no comodismo de nossas casas, mas nos leva ao encontro dos irmãos. Se, como discípulos missionários, observamos os gestos de Cristo, nossa atitude não pode ser outra que caminhar ao encontro daqueles que mais necessitam, os que tem fome, sede, os presos e os que estão nus, os forasteiros e os doentes, conforme lemos em Mateus 25, e somos relembrados destas ações caritativas, nas obras de misericórdia. Pois é o próprio Cristo que “agora e em todos os tempos vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade”.[4]

Assim, animados e fortalecidos pelo Cristo, continuemos a anunciar, com mais vigor, a mensagem do Evangelho, conscientes de nossa vocação batismal. Vivendo de esperança em esperança, na fidelidade ao Senhor, possamos ser sempre, e cada vez mais, “testemunhas vivas da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo”.[5]

Que o tempo do advento nos ajude a não deixar que a alegria do encontro com o Senhor se acabe. Mesmo com inúmeros desafios, o Senhor que vem ao nosso encontro, seja verdadeiramente nossa força. Com o coração ao alto, ea esperança nos bens futuros, vamos realizando a obra que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos para nossa salvação”.[6]

 

[1] Rm 15,13

[2] Prefácio do Advento I

[3] Is 12, 2

[4] Cf. Prefácio do Advento IA

[5] Oração Eucarística VI-D

[6] Lumen Gentium, n. 48