Artigo

Pe. Fábio Eduardo de Lima Santos

PRECISAMOS DA ALEGRIA DE TUA PÁSCOA, SENHOR!

Por Pe. Fábio Eduardo de Lima Santos

 

Falar de esperança quando sonhos são arrancados; motivar a perseverança quando as forças tentam ser diminuídas; falar de serenidade quando tudo é tão doído; falar de confiança quando a fé parece ser provada; entregar-se nas mãos de Deus quando se sente abandonado até por Ele; não duvidar da justiça quando essa não foi praticada; não perder a alegria, mesmo quando o pranto vier visitar; imaginar e acreditar na vida em meio a um cenário de morte; guardar no fundo da alma e do coração a certeza da vitória do amor e da vida sobre o ódio e a morte... Tudo isso parece ao mesmo tempo tão perto e tão distante. E de fato é. Essa foi a história de Jesus. E continua sendo a história de muitos povos, sobretudo dos mais pobres.

 

Olhar para essa realidade é retornar a essência da nossa fé. É reencontrar o significado da Páscoa do Senhor que é também a nossa Páscoa.

 

São tantas as encenações, interpretações, discursos e homilias que ouvimos ao longo de nossa vida sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus e às vezes ficamos, talvez, com a parte romantizada da história como se as dores e as alegrias do Filho de Deus fossem todas previstas. Como se sua morte dolorida na Cruz fosse algo planejado pelo Pai e que depois esse Deus se revelaria poderoso ressuscitando o Cristo.

 

É bem verdade que o poder de Deus é insondável e Ele tudo pode. Porém, seria muito contraditório o Pai deixar o Filho Amado vir ao mundo simplesmente para sofrer e morrer. Pelo contrário, Deus Amor envia Jesus por amor e para nos ensina amar. E está exatamente aqui o centro da vida de nosso Deus: vive para nós e por nós por amor.

 

Os caminhos percorridos por Jesus foram marcados exclusivamente pelo amor. Amor verdadeiro que também revelava as mentiras e os pecados de muitos. Como também foi esse infinito amor que semeou vida em tantas histórias maltratadas e sepultadas pelo preconceito e pela exclusão. Foi esse amor que regou esperança em tantas pessoas desacreditadas na humanidade. Foi esse amor que devolveu dignidade a tantas mulheres e enfermos que nunca tinham se visto como humanos e amados por Deus. Foi esse amor que tocou a face, a mão e o coração de tantos que nunca haviam recebido um abraço. Foi esse amor que se fez solidário a tantos famintos e abandonados como ovelhas sem pastor. E é esse amor pascal que quer chegar a cada um de nós.

 

Mas, como citado anteriormente, foi também esse amor que denunciou a opressão, a miséria, a exploração, a exclusão, a fome, a pobreza, a idolatria que anunciava um falso deus. Foi esse amor que mostrou a contradição de uma religião que não liberta, de uma lei que oprime, de uma experiência religiosa que não acolhe.

 

Justamente por ser fiel e por acreditar plenamente no projeto do Pai que Jesus foi perseguido, maltratado e morto pelas autoridades de sua época.

 

Esse mesmo amor abre para nós uma porta imensa de vida que nos coloca na direção de Deus. Jesus, ao se derramar como pleno dom para nós na cruz, oferece-nos a liberdade tão sonhada e buscada. A ressurreição de Jesus é a certeza de que fomos devolvidos ao Paraíso. O sepulcro vazio é a confirmação de que não nascemos para o sepulcro, mas para a Páscoa.

 

Assim, ao olharmos a triste realidade que o Brasil atravessa com tantas perseguições aos pobres, roubando-lhes direitos e dignidade; a corrupção desmedida que aumenta a riqueza ilícita de poucos e faz a grande parcela do povo atravessar um deserto de sofrimentos, é que a Páscoa do Senhor vem ser uma resposta, um ânimo e uma certeza: a morte com todas as suas faces e manifestações jamais terá a última palavra e nunca será o nosso ponto final.

 

Jesus Ressuscitado vive para nós e por nós. Não deixemos que as dores do mundo tirem de nossas mãos tão rico presente e tão preciosa alegria. Que as cruzes que encontramos ou as que nos são impostas não nos impeçam de fazer uma entrega verdadeira nas mãos do Pai que nos conforta em nossas dores e que sempre seca o nosso pranto.

 

É preciso afirmar com um grande brado de confiança: precisamos de tua Páscoa, Senhor!

 

Precisamos dessa Páscoa para que ao vivermos nossos calvários diários, tenhamos a certeza de que as pedras que tentam nos sepultar foram removidas. E depositados nas mãos do Pai vejamos a nova vida que o Senhor reserva para todos nós, os seus filhos.

 

Precisamos de tua Páscoa, Senhor, para fazer de nossas vidas permanentes páscoas! Permanente vida e ressurreição!