Artigo

Pe. José dos Passos

VOTO NÃO TEM PREÇO... TEM CONSEQUÊNCIAS

Por Pe. José dos Passos

 

 

 

Se nos colocarmos a falar da política, certamente todos concordamos que há algo errado e precisa de mudan­ça. Também vamos concordar que nunca houve um político que se elegesse sem prometer mudanças: mes­mo aqueles que querem se reeleger vão dizer que seu próximo governo será marcado por alguma mudança. Portanto, mudança é o anseio de todos! E também a de­cepção de todos...

 

Há um consenso de que a política nacional está de mal a pior em função do financiamento das campanhas eleitorais. As investigações da operação Lava-Jato estão colocando a nu aquilo que já se sabia desde o descobri­mento do Brasil: quem paga a eleição de um político, vai cobrar seu investimento no superfaturamento de obras empreitadas. Nesta eleição está em vigor a proibição de que empresas financiem candidatos. Vai ser um avanço.

 

Em geral pensamos que político não faz jus a seus salá­rios. Ganham muito, trabalham pouco. Esse julgamento não seria feito se aquele que assume a vida pública as­sumisse seu papel de servidor do bem comum. Rubem Alves diz que o político devia ser como o jardineiro que transforma um terreno feio e inútil em jardim: embeleza o mundo transformando-o pelo cuidado com os bens que são de todos. Nossa cidade é bonita, mas poderia ficar ainda mais bonita se os políticos da­qui fossem exemplos de honestidade, ética e excelentes servidores públicos, mais interessados em tornar essa cidade um jardim para todos que tomá-la como um quintal particular.

 

As próximas eleições são municipais. Conhecemos pessoalmente os candidatos. Nas eleições municipais aparece mais claramente um mecanismo de corrup­ção: a compra de votos. Às vezes parece tranquilo per­guntar a um candidato “o que você vai me dar pra ter o meu voto?” sem perceber, nisso, a corrupção de que tanto reclamamos.

 

Não existe governo corrupto e população honesta! Os políticos são do modo que são porque a população que os elegeu fez “vistas grossas” ao dar o seu voto ou vo­tou por uma promessa de benesse particular: deu o seu voto porque tinha a promessa de um cargo na prefei­tura ou de um saco de cimento no depósito. Sejamos honestos e assumamos nossa responsabilidade pesso­al. Voto não tem preço... tem consequências: se houve compra e venda de votos, contribuiu-se para o aumen­to da corrupção.

 

Dê o seu voto por propostas políticas que visem o bem comum. Dê o seu voto a quem quer construir jardins e não quintais particulares. Voto é coisa tão séria que não pode ser vendido.

 

Artigo escrito para o Informativo “Falem as Obras”, edição 79 – agosto de 2016, da Paróquia Santo Antônio de Pádua, Iconha.